Tenho uma amiga que é profundamente ligada ao ser humano. Sensível, amorosa, carinhosa. Vive rodeada de amigos, gosta de crianças, tem um trabalho bacana, se importa com os outros. Ela é o tipo de pessoa que você (pelo menos eu!) visualizaria perfeitamente no papel de mãe. Imagino que seria daquelas mais dedicadas e amorosas. Mas veja só que ironia. Em um mundo tão cheio de mães inadequadas, logo ela que, eu acho, seria uma mãezona, não sabe se quer viver essa experiência...
Confesso que foi muito difícil compreendê-la. Não conseguia imaginar alguém que pudesse abrir mão de uma vivência tão rica, a menos que por motivos muito fortes. É que eu nunca questionei se queria ou não ser mãe. Foi uma certeza que sempre tive.
Mas agora que eu sou mãe eu penso que eu devia ter questionado, sabe?
Mas agora que eu sou mãe eu penso que eu devia ter questionado, sabe?
E não se trata de arrependimento, deixa eu explicar. É que as vezes me pego pensando como é que posso ter tomado conscientemente um caminho tão transformador sem sequer ter parado pra pensar. (!) Não parece muito o meu jeito viver de tal maneira... Mas foi assim que me tornei mãe. Just wishing...
Na última noite (insone) eu lembrei o quanto eu dei conselhos vazios, do tipo “na hora certa você vai querer”, “quando você ver o bebê você não vai se arrepender”. Imagino que silenciosamente ela deve ter desprezado meus conselhos, e espero que tenha feito isso . Se não o fez, deve ter ficado perdida, já que as frases aí em cima são vazias de reflexão e não correspondem à realidade... Eu apenas repeti, já que nunca havia feito esse questionamento tão saudável. Portanto, a minha “certeza” de que queria ser mãe não era muito elaborada, era só a expressão de uma vontade. Uma vontade bem grande comunicada com tanta veemência, que ganhava ares de uma decisão racional, elaborada... aff! Enganei muita gente...
Hoje consigo entender melhor que vontade era essa. Era a vontade de amar mais alguém. Essa coisa tão gostosa que dá quando a gente ama incondicionalmente, de se doar por alguém e isso ser tudo. Era isso! Tão claro agora... Bom, acho que deu certo. Eu estou feliz como mãe e posso dizer com certeza absoluta que tenho um desejo bem refletido que quero ser mãe de mais uns. E só vou parar quando der vontade de multiplicar amor de outra forma. Ou quando o desejo acabar.
O que acho mais paradoxal é que apenas quando eu me tornei mãe é que percebi que essa coisa de querer expandir o amor pode perfeitamente ser vivida de outra forma. Claro que será diferente, mas só diferente. Experiências não são comparáveis. E também só agora eu compreendo plenamente quem se expande e vive amorosamente outras relações e se sente feliz e completo desta maneira. Não valeria pra mim, mas finalmente enxergo que é possível.
O que acho mais paradoxal é que apenas quando eu me tornei mãe é que percebi que essa coisa de querer expandir o amor pode perfeitamente ser vivida de outra forma. Claro que será diferente, mas só diferente. Experiências não são comparáveis. E também só agora eu compreendo plenamente quem se expande e vive amorosamente outras relações e se sente feliz e completo desta maneira. Não valeria pra mim, mas finalmente enxergo que é possível.
A grande maioria das mães diz que ter filhos é a melhor experiência que já viveu e recomenda a todos. Defende a maternidade com unhas de dentes. Eu poderia ficar neste discurso comum novamente. Prefiro assumir outra posição. Sinto que precisava dizer a essa amiga que depois que Bernardo nasceu eu compreendo a dúvida dela. Afinal, há potencial de felicidade em muitas experiências. Basta vivenciá-las por inteiro.